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18 agosto 2008

Nascido num pé de serra
Qual facheiro em pedregulho,
Venho cantar minha terra,
Explicitar meu orgulho!
Pajeuzeiro da gema,
Da terra onde a seriema
Canta saudosa à tardinha,
Se alguém um dia cantou
A terra que lhe criou,
Também vou cantar a minha!

Há quem lastime da sorte
De no sertão ter nascido,
Acho que nem mesmo a morte,
Me deixa diminuído.
Sou o que sou, e isso é tudo,
Por nada ficarei mudo
Quando precisar falar,
Mas, manterei meu respeito
E te darei o direito,
Quando sua vez chegar.

Minhas origens? Não nego!
Sou matuto da mão grossa,
E onde vou eu carrego
No corpo o cheiro da roça.
Digo: Pru mode e Oxente!
Sem vergonha dessa gente
Que condena o dialeto,
Moral, conduta e bondade,
Coragem e honestidade,
Faltando em ti, eu completo.

Aprendi com a seca braba
Me alimentar de esperança,
Beber meu pranto, que acaba
Quando a fartura me alcança.
Que a força dos meus braços,
Superam a do cansaço
Por faltar direito a isso,
E que o sol só acorda,
Quando a natureza borda
O dia com seu feitiço.

Que quando o galo canta
No palco da madrugada,
O sertanejo levanta
Para mais uma jornada.
Veste a coragem e a sina,
Sela o destino e se inclina
Por cima da montaria.
Tange a sorte e açoita a vida
Por rota desconhecida,
Nas curvas de mais um dia.

O suor banhando o rosto
É o creme que eu uso,
Pra esconder o desgosto
Do que me deixa confuso,
Curando os males da alma,
Abro a mão mostrando a palma
Sem medo de palmatória.
Porque na escola do mundo
Não se formou, vai pro fundo
Do fosso que cerca a glória.

A fé, é o meu escudo,
Minha arma, a confiança.
Meu coração mesmo mudo,
Brada a perseverança.
Meus olhos, são lamparinas
Nas tristes noites ferinas,
Pondo nas trevas... Um fim!
Abrindo um baú de sonhos,
Nos calabouços medonhos
Que existem dentro de mim.

Então eis-me, aqui! Simples Poeta!
Que despiu-se do medo e das agruras,
Completando o poema que completa
Minha saga de loucas aventuras.
Numa casa de barro e pau-a-pique
Eu nasci, sendo assim eu não sou chique
Sou um servo somente, um servo seu.
Condenado a cantar dores e amores,
E sofrer infortúnios destas dores
Porque nada emudece o peito meu.