Quando parte a amada, o homem vê
A saudade deitada em sua cama.
Os seus olhos se vestem da tristeza,
Que no peito abre a fenda e se inflama.
Escorrega do olho, o amor já morto,
Que ensangüenta boca de quem ama.
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Saudade ave invisível
Que causa dor e revolta.
Quando está presa, estou solto.
Quando me prende se solta.
Quando chegas - ela parte!
Quando partes – ela volta!
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A saudade que eu sinto
Nenhum remédio resolve,
Vivo um mês, vegeto dois,
E morto eu passo nove,
Porque saudade é tão dura
Que nem o tempo a dissolve!
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A saudade é a soma da lembrança
Com a dor da ausência de um alguém,
Ou de algo passado, que mantém
Qualquer um igualmente uma criança.
É a linha que traça a esperança,
Ou um traço na linha da ilusão.
Habitante de todo coração,
É um mal e um bem pra humanidade.
Não existe quem viva sem saudade,
Nem saudade que dure sem razão!
A saudade é igual às digitais,
Não há uma pra dois, nem dois pra uma,
Cada um tem a sua, e de alguma
Forma pode cedê-la a ninguém mais.
Se tornar-se doença, ninguém faz
Um remédio que cure a sua dor,
Se tornar-se um remédio, traz a cor
Da lembrança do tempo que nasceu.
Quem não sente saudade já morreu!
Quem não sente saudade é sem amor!