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22 maio 2009

Poema inicial do livro “Encantos da Minha Terra”

(homenagem a Tuparetama-PE)


Nascido num pé de serra

Qual facheiro em pedregulho,

Venho cantar minha terra,

Explicitar meu orgulho!

Pajeuzeiro da gema,

Da terra onde a seriema

Canta saudosa à tardinha,

Se alguém um dia cantou

A terra que lhe criou,

Também vou cantar a minha!



Há quem lastime da sorte

De no sertão ter nascido,

Acho que nem mesmo a morte,

Me deixa diminuído.

Sou o que sou, e isso é tudo,

Por nada ficarei mudo

Quando precisar falar,

Mas, manterei meu respeito

E te darei o direito,

Quando sua vez chegar.



Minhas origens? Não nego!

Sou matuto da mão grossa!

E onde vou, eu carrego

No corpo o cheiro da roça.

Digo: Pru mode e Oxente!

Sem vergonha dessa gente

Que condena o dialeto,

Moral, conduta e bondade,

Coragem e honestidade,

Faltando em ti, eu completo.



Aprendi com a seca braba

Me alimentar de esperança,

Beber meu pranto, que acaba

Quando a fartura me alcança.

Que a força dos meus braços,

Superam a do cansaço

Por faltar direito a isso...

E que o sol só acorda,

Quando a natureza borda

O dia com seu feitiço.



Que quando o galo canta

No palco da madrugada,

O sertanejo levanta

Para mais uma jornada.

Veste a coragem e a sina,

Sela o destino e se inclina

Por cima da montaria.

Tange a sorte e açoita a vida

Por rota desconhecida,

Nas curvas de mais um dia.



O suor banhando o rosto

É o creme que eu uso,

Pra esconder o desgosto

Do que me deixa confuso,

Curando os males da alma,

Abro a mão mostrando a palma

Sem medo de palmatória.

Porque na escola do mundo

Não se formou, vai pro fundo

Do fosso que cerca a glória.



A fé é o meu escudo,

Minha arma, a confiança.

Meu coração mesmo mudo,

Brada a perseverança.

Meus olhos, são lamparinas

Nas tristes noites ferinas,

Pondo nas trevas um fim!

Abrindo um baú de sonhos,

Nos calabouços medonhos

Que existem dentro de mim.



Então eis me, aqui! Simples Poeta!

Que despiu-se do medo e das agruras,

Completando o poema que completa

Minha saga de loucas aventuras.

Numa casa de barro e pau-a-pique

Eu nasci, sendo assim eu não sou chique,

Sou um servo somente, um servo seu.

Condenado a cantar dores e amores,

E sofrer infortúnios destas dores

Porque nada emudece o peito meu.